Participação dos 10% mais ricos na renda SPxBrasil

Brasil lidera a desigualdade no Mundo e São Paulo lidera a desigualdade no Brasil

São Paulo lidera a desigualdade no Brasil que lidera a desigualdade no Mundo

A desigualdade e seu aumento está na ordem do dia da imprensa brasileira e mundial. As manifestações mais recentes foram originadas pelo último relatório do PNUD/ONU sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apontando o Brasil como o país mais desigual do mundo, perdendo, mas por muito pouco, somente para o Catar: no Brasil os 1% mais ricos ficam com 28,3% da renda, enquanto no Catar 29%.

O IDH do Catar, no entanto, é mais alto: 0,848, (41ª. posição) contra 0,761 do Brasil, (79ª posição), pois as outras variáveis que o compõem, educação e saúde, no Catar têm melhor desempenho. O Brasil, inclusive, apesar de um leve aumento de 0,001 no índice, caiu uma posição na classificação mundial em relação a 2017.

Os dados, cobrindo 189 países, podem ser encontrados no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019 (Human Development Report 2019). Ver também a análise Relatório de desenvolvimento humano do PNUD destaca altos índices de desigualdade no Brasil (ONU 09/12/19).

Concentração de renda evoluiu mais em São Paulo do que no Brasil

Na análise da ONU consta ainda que

O relatório lembrou que pesquisas domiciliares no Brasil mostraram que os 10% mais ricos receberam mais de 40% da renda total do país em 2015. Quando consideradas todas as formas de renda, não apenas as reportadas nas pesquisas domiciliares, as estimativas sugerem que os 10% mais ricos de fato concentram 55% do total da renda do país.

O IBGE já havia destacado o problema da desigualdade no Brasil na última edição da PNAD Nacional Contínua publicada em outubro:

O Índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que varia de zero (igualdade) até um (desigualdade máxima), foi estimado em 0,545 em 2018. Entre 2012 e 2015 houve uma tendência de redução (de 0,540 para 0,524), que foi revertida a partir de 2016, quando o índice aumentou para 0,537, chegando a 0,545 em 2018.

=> PNAD Contínua 2018: 10% da população concentram 43,1% da massa de rendimentos do país (IBGE 16/10/19)

Concentração evoluiu mais em São Paulo

A PNAD 2018 mostra ainda que, no Estado de São Paulo, a concentração de renda avançou mais que no Brasil, como mostra o gráfico a seguir.  A evolução desta concentração medida pelo IBGE, entre 2012 e 2018, está em verde. Em vermelho, por outro lado, podemos ver que, no Estado de São Paulo, a renda na mão dos 10% mais ricos evoluiu rapidamente para fatias bem maiores, chegando a 45,5% do total em 2018, perdendo apenas para Sergipe (46,3%), Pará (46,4%) e Paraíba (46,7%).

O crescimento da concentração de renda em São Paulo se deu também com extrema rapidez no período, partindo de 41,3% em 2012, na época valor mais baixo que a média nacional (42,2%), chegando aos 45,5% em 2018, 2,2% acima da média nacional. Dois saltos expressivos se registraram em 2015-2016 e 2017-2018, respectivamente 1,6% e 2,1%.

=> Clique no gráfico para ver os valores exatos em cada ponto e analisar as curvas individualmente

Esta concentração nas camadas mais altas de renda fez sua distribuição por faixa de cada 10% da população se dar também de forma extremamente desigual, sendo que mais da metade da renda se concentra nas mãos dos 20% mais ricos, tanto no Brasil quanto em São Paulo, como mostra o gráfico a seguir.

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Assim, em 2018, enquanto valores médios de renda mensal per capita  nas faixas de R$ 10.000 (Brasil) e 13.700 (SP) foram registrados para os 10% mais ricos, os 10% mais pobres ficaram nas faixas de R$ 144 (Brasil) e R$ 307 (SP). Mais importante, tanto no Brasil, quanto no Estado de São Paulo, enquanto as rendas médias per capita dos 10% mais ricos tiveram uma vigorosa tendência de alta entre 2012 e 2018, principalmente em São Paulo, o oposto ocorreu com os 10% mais pobres, que viram sua renda média cair ainda mais a partir de 2016. Observar que os valores dos gráficos abaixo são em reais correntes de cada ano, significando que, se for adicionada a inflação, a perda de poder aquisitivo pelas camadas mais pobres foi ainda mais acentuada. Com isso, aumentou a extrema pobreza, como já registrado neste site.

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Ver também => LCA: pobreza extrema cresce 35% em um ano na Grande SP