Desestatização de mercadões e sacolões: como ficam o consumidor, o emprego e a segurança alimentar?

Os mercados municipais são conhecidos por oferecer uma grande variedade de perecíveis com qualidade superior a seus equivalentes disponibilizados nas redes de supermercados. Uma vez que comercializam produtos a granel, muitas vezes fornecidos por pequenos e médios produtores locais, apresentam considerável diferencial no que diz respeito a variedade e frescor em relação aos supermercados. A preferência por pertences para feijoada fornecidos pelos mercadões são um exemplo clássico.

Sob o controle do setor privado, no entanto, surge a possibilidade da mudança das suas cadeias de fornecedores para aquelas já operando nas grandes redes de supermercados, muitas vezes controladas diretamente por eles, mais especializadas em produtos semi-manufaturados e pré-embalados. Os mercados municipais e os sacolões, assim, poderão passar a ser nada mais que uma réplica dos atuais supermercados, tirando do consumidor uma importante opção de diversificação e diminuindo seu poder de escolha.

Também é importante não esquecer um relevante aspecto social da questão. Mercadões, e principalmente sacolões, podem e devem ser considerados como instrumentos de política pública para evitar a exclusão de pequenos e médios fornecedores e varejistas, bem como fomentar a segurança alimentar dos segmentos mais pobres. Resta saber como isto será observado com a concessão ao setor privado.

Portanto, caso o processo de desestatização venha mesmo a se efetivar, é preciso garantir que pequenos e médios empreendedores sejam mantidos no negócio, bem como seja mantido o viés de varejo popular. Com isso se observará, não só o interesse do consumidor, incluindo aí a segurança alimentar, como também se evitará desemprego e possível quebradeira nas atuais cadeias de fornecimento e comercialização dos mercadões e sacolões.