Aeroporto de Congonhas

Porque a maioria dos aeroportos nos EUA são estatais

Nos EUA a grande maioria dos aeroportos comerciais é estatal

A nova onda de privatização de aeroportos não poderia ignorar um fato importante: a grande maioria dos aeroportos americanos comerciais são estatais. Este é um dado disponível na publicação America’s Airports – Where Job Creation Takes Off da organização Aiports for the Future.

Não que a discussão da privatização de aeroportos não tenha aparecido por lá. Pelo contrário, tem sido recorrente pelo menos desde 1995, quando o então prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, juntamente com os governadores dos estados de Nova Iorque e Nova Jersey, demostraram interesse em vender para a iniciativa privada os aeroportos locais: La Guardia, John F. Kennedy e Newark International.

As reações à idéia não foram poucas, tanto é que ela não foi para a frente: até hoje os aeroportos estão nas mãos do poder público. O jornal The New York Times, por exemplo, em sua edição de 14/01/1995 publicou um longo editorial pela não venda dos aeroportos (Don’t Sell the Airports).

A razão maior: importância para o desenvolvimento regional

Uma das maiores razões de toda esta resistência pode ser resumida em uma frase do editorial: “Situados entre os maiores aeroportos do mundo, eles são e continuarão a ser chave para o desenvolvimento regional” (“Ranked among the world’s principal airports, they are and will continue to be key to the region’s growth“).

O texto não se coloca contra a parceria com o setor privado, mas claramente contra a venda para o setor privado, o que classifica como tolice (foolish). A transparência e o controle público sobre o uso das extensas áreas ocupadas pelos aeroportos, no caso pertencentes à prefeitura de Nova Iorque, são tidas como indispensáveis devido à sua importância para a economia e geração de empregos locais.

De fato, estudo publicado pela Aiports for the FuturesThe Economic Impact of Commercial Airports in 2013, indica, entre outras coisas, que os aeroportos comerciais dos EUA contribuíram naquele ano para a geração de 9,6 milhões de empregos e 7% do PIB.

Efeito no Brasil: o difícil acesso ao Aeroporto de Guarulhos por trem

A muito criticada distância entre a estação Aeroporto Guarulhos da linha 13 (Jade) aos terminais de embarque, particularmente o internacional, é um ilustrativo exemplo do impacto da privatização na qualidade do serviço público, como mostra o trecho abaixo, publicado pela Exame:

A Estação Aeroporto Guarulhos estava inicialmente projetada para ser próxima ao terminal 3, conhecido como terminal internacional, mas foi construída próxima ao terminal 1, o que deixará os passageiros distantes da área de embarque. A mudança ocorreu após o aeroporto, que era administrado pela Infraero, ser concedido à iniciativa privada.

=> Em SP, trem para Aeroporto de Guarulhos começa funcionar neste sábado (Exame 31/3/18)

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