Ciclocidade divulga resultados da Auditoria Cidadã

Ciclocidade lança Ideciclo de São Paulo

Segundo a ONG Ciclocidade,

Ao longo do mês de setembro e outubro de 2018, ciclistas das diferentes zonas da cidade foram para as ruas avaliar as ciclovias e ciclofaixas dos seus trajetos. O índice de Desenvolvimento Cicloviário é uma iniciativa nacional, que começou em Recife, e agora segue para outras capitais como Belo Horizonte e Brasília. Em São Paulo, o IDECiclo levantou dados importantes sobre aspectos de segurança e conectividade da rede de estruturas para bicicletas.

O projeto, elaborado pela Ciclocidade com apoio do Itaú, resultou em um relatório que explica o processo do desenvolvimento do índice em São Paulo, detalha os fatores de análise para cada tipo de estrutura e demonstra os cálculos do IDECiclo na malha paulistana. Diferente do modelo usado em Recife, que realizou a avaliação por eixos, aqui adotou-se a análise por trechos das estruturas, seccionando-as por via e por Subprefeitura, o que gerou um número de 1.145 itens avaliadas.

Previstos 1600 km de infraestrutura cicloviária

O relatório que divulga a metodologia e o resultado da pesquisa se inicia com um resumo do Plano de Mobilidade do Município de São Paulo no que diz respeito à infraestutura cicloviária:

São Paulo é uma cidade com 14.500 km de extensão viária. O município apresenta atualmente 484,8 km de malha cicloviária, que corresponde a menos de 4% do total de vias da cidade. Com planos existentes desde 1981, as estruturas implantadas na década de 90 foram descaracterizadas e somente em 2008 foram iniciadas novas intervenções cicloviárias.

Neste contexto, destaca-se também o Plano de Mobilidade do Município de São Paulo, regulamentado em 2016, que prevê 1.600 km de infraestrutura cicloviária estrutural na cidade, proporcionando uma rede interligada com cobertura em todo o território, além de ações de redução de velocidade e acalmamento de tráfego, proporcionando melhorias em outras vias que os ciclistas utilizam.

Falta de prioridade e oposição

Problemas, no entanto, e segundo o Relatório, têm surgido no processo de implementação do plano:

Mas a atual gestão que atua no Município vem estabelecendo um diálogo pouco produtivo para estabelecimento de ações concretas e urgentes de implantação de novas estruturas de conexão ou manutenção das vias existentes tanto com os membros da Câmara Temática, como associações que atuam na cidade.

Apesar das diversas reuniões com a equipe técnica da CET para planejamento das ciclovias e ciclofaixas, é notória a falta de prioridade no assunto e o baixo interesse na execução dos projetos pela gestão municipal – muitas vezes com orçamento garantido, projeto aprovado e audiências públicas realizadas (e favoráveis).

Além disso, várias notícias de ameaças às infraestruturas vêm sendo reportadas por diferentes canais de comunicação, redes sociais e municiadas por audiências públicas promovidas por vereadores contrários às bicicletas em diversas regiões da cidade – mesmo com a negativa constante da Secretaria Municipal de Transportes que alega que nenhuma retirada está autorizada.

Em locais que estão na listagem do Programa Asfalto Novo, que visa o recapeamento de vias no Município, durante a intervenção as ruas e avenidas que possuem ciclovia/ciclofaixa ficam sem orientação para ciclistas e pedestres durante semanas, que geram riscos, desinformação e acidentes, como o que ocorreu na rua Vergueiro, em agosto de 2018.

Conclusões: índice chega somente a 10% do ideal

A construção do IDECiclo São Paulo, cuja nota obtida foi de 0,107 (sendo a nota ideal 1,000), mostrou que, apesar da dimensão da cidade e dos problemas encontrados, atingimos 10% da nota ideal segundo os parâmetros propostos pelo IDECiclo. A avaliação do índice atual também nos possibilita fazer uma reflexão sobre as ações necessárias para a melhoria das condições viárias para que possamos ter uma cidade realmente mais humana.

Podemos destacar como propostas a execução da infraestrutura cicloviária, como já prevista em planos municipais, junto a outras ações de redução de velocidade e redesenho viário, num conceito alinhado à “Visão Zero”, que propõe a redução significativa das mortes de acidentes em trânsito nas cidades. O investimento público em ações de comunicação e educação também são fortalecedores para uma política de mobilidade ativa reconhecida como um eixo fundamental de cidades humanizadoras e seguras.

Em relação aos levantamentos específicos realizados em campo e suas avaliações, diversas ações podem ser planejadas pelo Poder Público, tanto de manutenção viária e de sinalização, como ampliação de sistema de iluminação e segurança pública. Os mapas apresentados mostram onde estão as estruturas mais problemáticas e quais são os principais fatores de riscos de cada uma. Há problemas que estão na esfera de projeto da infraestrutura, que devem ser observados para novas implantações. Os problemas no âmbito da manutenção são os mais urgentes, que podem ser resolvidos com verbas previstas no orçamento e que darão ao ciclista maior segurança.

Link: Ciclocidade lança Ideciclo de São Paulo e traça mapa de manutenção das ciclovias.

Relatório (download): Relatório Auditoria Cidadã

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