Aeroporto de Congonhas

Congonhas deve sair da lista de privatizações; votação da denúncia teria influenciado.

Ministério dos Transportes: sem Congonhas Infraero perde sustentabilidade financeira

Em nota à imprensa publicada no último dia 20, o Ministério dos Transportes informou à presidência da república que, com a privatização do Aeroporto de Congonhas, a Infraero perderia sua “sustentabilidade financeira”, inviabilizando os outros aeroportos do Sistema Infraero:

“O ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, apresentou, nesta quinta-feira (19), ao presidente da República, Michel Temer, análises de consultorias independentes e estudos da aviação civil demonstrando que, sem as receitas do aeroporto de Congonhas, a Infraero perde a sustentabilidade financeira.

Dessa forma, os outros aeroportos do Sistema Infraero do país poderiam ser inviabilizados. Diante disso, o governo reavalia a concessão de Congonhas seguindo, única e exclusivamente, argumentação técnico-financeira do Ministério, sem interferências políticas externas.”

No mesmo dia a imprensa noticiou que Congonhas tinha sido retirado da lista de privatizações. No entanto, além da argumentação do Ministério, outros fatores ligados à Lava Jato parecem ter tido peso importante na mudança de rumo.

Votação da segunda denúncia contra Temer teria influenciado na decisão

Um dia antes, a Reuters publicou matéria informando que a concessão de aeroporto de Congonhas esbarra em negociação política, de maneira “garantir votos contra o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer”:

“Uma negociação política entre o Palácio do Planalto e um dos partidos da base para garantir votos contra o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer pode inviabilizar a concessão do aeroporto de Congonhas em 2018, privando o governo de receber pelo menos 6 bilhões de reais, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento da situação.

Segundo uma das fontes, para manter sua influência sobre a Infraero, o PR está exigindo a suspensão da concessão de Congonhas e, em troca, prometeu votar para derrubar a denúncia contra Temer no plenário da Câmara na próxima semana.”

A Reuters lembra ainda que o Ministro Maurício Quintella foi indicação do PR.

Já no dia 20, a Folha reforçou a notícia com a matéria “Para barrar segunda denúncia, Temer promete não privatizar Congonhas“. Nela, noticia que o ex-deputado Valdemar Costa Neto teve influência na decisão, que envolveria troca por votos do seu partido, PR, contra a segunda denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República:

“O presidente Michel Temer prometeu ao ex-deputado Valdemar Costa Neto retirar o aeroporto de Congonhas da lista de privatizações em troca de votos do PR contra a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República na Câmara dos Deputados.

Costa Neto foi condenado no mensalão e já não preside o PR. No entanto, segue exercendo forte influência no partido, que tem 37 deputados, quatro senadores e, mesmo fragmentado, recebeu importantes cargos no setor de transportes e tem poder de pressão nessa área.”

Pampulha também teria entrado na negociação

Como também informa a reportagem,

“Além de barrar a venda de Congonhas, o partido de Costa Neto conseguiu também a promessa de reabertura do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), para voos entre Estados.”

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