No final de setembro a Oxfam publicou o relatório “A Distância que nos Une“, dedicado ao mapeamento das desigualdades sociais no Brasil. Nele, assinala como a desigualdade crescentemente vem se manifestando nas grandes cidades, fruto da intensa urbanização pela qual passou o país nos últimos 40 anos.
Oxfam e a desigualdade: destaque para São Paulo
A cidade de São Paulo, com 6% da população brasileira, e 40% de seus habitantes vivendo em condições precárias de saúde, educação e habitação, mereceu destaque:
“Ao longo dos últimos 40 anos, o Brasil viveu um processo intenso de crescimento dos centros urbanos e redução da população rural relativa. A taxa de urbanização era de 55% em 1970, atingindo 84% em 2010. Em particular, alguns centros urbanos absorveram uma grande massa de migrantes rurais – notadamente nordestinos, mas também do interior de Minas Gerais e de outras zonas rurais.
São Paulo, o maior centro urbano do Brasil, conta hoje com 12 milhões de habitantes, ou seja, 6% da população brasileira em apenas um município. É também um exemplo contundente de como a urbanização acelerada se traduziu em desigualdades espaciais dentro dos municípios.
Hoje, de acordo com o Mapa de Desigualdade elaborado pela Rede Nossa São Paulo, dos 96 distritos de São Paulo, 34 estão recorrentemente na “lanterna” dos indicadores de saúde, educação, habitação e renda. Trata-se dos mesmos distritos onde as rendas médias são as mais baixas da cidade, e onde vivem 4,7 milhões de pessoas, cerca de 40% do total do município.”
Concentração imobiliária
Ainda discorrendo sobre São Paulo, o relatório indica que a concentração imobiliária, com 1% dos proprietários concentrando 25% dos imóveis registrados na cidade, “segue a mesma lógica”:
“A concentração imobiliária nas cidades segue a mesma lógica. No município de São Paulo, 1% dos proprietários – 22.400 pessoas – concentra 25% de todos os imóveis registrados na cidade, o que significa 45% do valor imobiliário municipal – R$ 749 bilhões. Considerando somente estes dados, estes proprietários possuem, em imóveis urbanos, uma média de R$ 34 milhões por pessoa, em torno de 600 vezes a média nacional de distribuição de patrimônio.”