Privatizações: Prefeitura pretende vender ativos que dão lucro

Em artigo publicado na Folha, “Por que desestatizar“, o prefeito João Doria Jr faz a defesa de seu programa de privatizações. No entanto, menciona somente as despesas do que pretende privatizar, esquecendo que são ativos que também geram receita. O Anhembi e Interlagos, inclusive, dão lucro, ver abaixo.

Seu texto se limita às vendas do Anhembi, de Interlagos, e na entrega para a iniciativa privada da exploração do Pacaembu por dez a 15 anos em regime de concessão. As outras privatizações pretendidas, incluindo o Ibirapuera e os mercados municipais, não são mencionadas.

Os argumentos apresentados se baseiam somente no que seriam duas vantagens imediatas:

“A primeira delas será uma economia de R$ 600 milhões em quatro anos. Esse é o valor que a prefeitura gasta ao longo de um mandato para manter, ainda que de forma precária, o estádio, o autódromo, o centro de convenções, o pavilhão de exposições e o sambódromo municipais.

E mais: o dinheiro antes destinado a essa finalidade será incorporado ao orçamento municipal e utilizado no investimento ou no custeio de serviços de mobilidade urbana, segurança, recapeamento de ruas e reforma de calçadas”.

“A outra vantagem são os R$ 7 bilhões que deverão ser obtidos com a venda do Anhembi e de Interlagos. Esse valor, centavo por centavo, irá para saúde e educação. Vou insistir nesse ponto a fim de que não restem dúvidas: todo o valor obtido com as privatizações será investido na construção de hospitais, escolas, CEUs e outros centros de serviço. Resultará em benefícios mais diretos e imediatos para a população”.

E finaliza:

“A prefeitura ganharia duas vezes.  A primeira, ao deixar de gastar com a manutenção dos espaços. A segunda, ao vender suas propriedades”.

No contraponto, o presidente da SPTuris, Alcino Reis Rocha, em matéria publicada na Folha logo a seguir, “Gestor do Anhembi diz que Doria infla números para justificar privatizações“, contesta tanto números quanto raciocínio. Primeiro, lembra que a prefeitura não repassa recursos para o autódromo e para o Anhembi, mas somente para o Pacaembu.

“Segundo ele, esses equipamentos são mantidos com dinheiro da receita da própria SPTuris, sem recursos do tesouro municipal. Ou seja, gastos com manutenção e folha de pagamento são pagos pela SPTuris com recursos obtidos por meio da locação de espaços e da prestação de serviços”, diz a reportagem.

“Assim, restariam na conta feita por Doria os custos do estádio do Pacaembu, que ele pretende conceder. Segundo a prefeitura, o estádio custou cerca de R$ 4,6 milhões para São Paulo em 2015. A estimativa para quatro anos giraria em torno de R$ 18,4 milhões, levando em conta esse ano. A diferença entre o valor apresentado por Doria e esse cálculo é de R$ 581,6 milhões”.

Anhembi e Interlagos dão lucro – A matéria registra também que os dois ativos que a atual administração municipal pretende vender deram  lucro em 2015.  No caso do Anhembi, o lucro foi de 59,5 milhões. Já Interlagos lucrou R$ 930 mil. Para 2016 são projetados  lucros de R$ 18,7 milhões para o Anhembi e de R$ 6 milhões para Interlagos.