Jornal da USP desmistifica mitos sobre a universidade pública

Jornal da USP desmistifica mitos sobre a universidade pública

Matéria especial do Jornal da USP desmistifica mitos sobre a universidade pública

O Jornal da USP publicou no final do mês passado matéria dedicada a desfazer os principais mitos usados por defensores da privatização no sentido de desqualificar s universidades públicas. O texto abre com uma mensagem voltada para destacar a importância das universidades públicas no cotidiano da população em geral:

Conhece alguma pessoa com pressão alta? Pode ser que ela use um remédio criado a partir de uma substância descoberta na USP. E pode ser que ela tenha ido ao médico com um aplicativo de transporte criado por nossos estudantes e tenha sido atendido gratuitamente em um dos hospitais da Universidade. E também pode ser que depois da consulta esta mesma pessoa decida levar o filho em um museu de ciências, para aprender mais sobre um assunto que vai cair no vestibular.

Resumo dos 10 pontos elencados:

1. A universidade pública vive de costas para a sociedade
As universidades públicas brasileiras são frequentemente rotuladas de “torres de marfim” e acusadas de viver “de costas” para a sociedade. Não é verdade. As universidades públicas prestam uma série de serviços importantes à sociedade, por meio de hospitais, museus, orquestras, teatros e outras atividades diversas de “extensão” — como são chamados esses serviços de atendimento à população.

2. Nos países desenvolvidos, a pesquisa é privada
Errado. Nos países ricos, a maior parte do dinheiro que financia a ciência na universidade é público e isso vale até mesmo para as universidades que cobram mensalidades.

3. A universidade pública não se relaciona com empresas
É uma generalização injusta. O que vem ocorrendo, na verdade, é um aumento das colaborações entre universidades públicas e empresas privadas, apesar dos muitos entraves burocráticos e culturais que dificultam essa interação.

4. A universidade pública é cara demais
Realmente, as universidades públicas custam mais do que as privadas. Mas há uma razão muito óbvia e positiva para isso, que muita gente esquece de levar em conta na hora da comparação: a pesquisa científica! […] O custo operacional das universidades públicas é maior porque elas se dedicam fortemente à pós-graduação (cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado) e à ciência — atividades que exigem uma
complexidade muito maior de recursos humanos e infraestrutura física, incluindo hospitais e museus, enquanto que as universidades privadas são basicamente escolas de graduação.

5. A universidade pública é só para os ricos
De cada 3 alunos das universidades federais, 2 vêm de escolas públicas; e a renda média das famílias de onde eles vêm é de um salário mínimo e meio. Na USP, por exemplo, até 2021, metade das suas vagas serão reservadas só para alunos de escola pública.

6. Universidade pública não faz pesquisa
Muito pelo contrário! As universidades públicas, federais e estaduais são as grandes produtoras de ciência e tecnologia no Brasil. Num ranking das 50 instituições brasileiras que mais produziram trabalhos científicos
nos últimos cinco anos, 43 são universidades públicas, e apenas uma é universidade privada.

7. A pesquisa na universidade pública não gera resultados práticos
A pesquisa universitária gera, sim, resultados práticos de grande relevância econômica e social, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento de novas tecnologias e para a formação de recursos humanos qualificados. O agronegócio, a produção de petróleo e bioetanol, a indústria química, a saúde pública e a medicina — todos os setores se beneficiam da pesquisa acadêmica, por meio de contribuições diversas, que não podem ser resumidas a um único produto.

8. Cobrar mensalidade resolveria o problema de financiamento das universidades
Na USP, um levantamento concluiu que as mensalidades não cobririam nem 8% do orçamento (lembrando que a renda familiar bruta de 45% dos calouros é de até cinco salários mínimos) […] O MIT, nos Estados Unidos, cobra de seus alunos o equivalente a mais ou menos 100 mil reais por ano. Mesmo assim, as mensalidades representam só 10% de sua receita.

9. Com a Lei de Cotas, as universidades federais passaram a reservar metade de suas vagas para alunos que vieram do ensino médio público.

Isso foi em 2012, mas anos antes algumas instituições já estavam colocando em prática as ações afirmativas. Desde então muita gente já se formou e o que os dados mostram é que há pouca diferença no desempenho de quem entrou por cotas e os demais. É o que mostram estudos do Insper, da Universidade do Texas, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, entre outros.

10. A universidade pública no Brasil é de esquerda
A universidade pública é um lugar de esquerda? Sim. A universidade pública é um lugar de direita? Sim também! É que uma de suas principais missões é ser um lugar com pluralidade de ideias e isso é garantido pelo princípio da autonomia universitária, que está até na Constituição brasileira.

Números, gráficos, vídeos e exemplos

Na reportagem, estes pontos são complementados com diversos números, gráficos, vídeos e exemplos. Veja no link:

=> 10 mitos sobre a universidade pública no Brasil (Jornal da USP 28/06/19)

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