Redução de áreas verdes em São Paulo estimula mosquitos transmissores de doenças

Período de transmissão da febre amarela pode ser mais extenso do que o esperado

Pesquisa detecta vírus em sêmen e urina de paciente quase um mês após infectado

Quem informa é a Agência FAPESP

“A presença do vírus da febre amarela em amostras de urina e de sêmen de um paciente que sobreviveu à doença foi detectada quase um mês após ele ter sido infectado. A descoberta foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em colaboração com colegas dos institutos Butantan, de Infectologia Emílio Ribas e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A constatação, feita no âmbito de projetos coordenados por Paolo Zanotto, professor do ICB-USP, com apoio da FAPESP, foi descrita em um artigo publicado na revista Emerging Infectious Diseases, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência de proteção à saúde do governo dos Estados Unidos.”

Descoberta preocupa mas implicações ainda não estão claras

“Essa detecção é bastante preocupante porque sugere, primeiramente, que o período de transmissibilidade [contágio] do vírus da febre amarela pode ser mais extenso do que o esperado em uma infecção aguda [com duração de, no máximo, 10 dias]”, disse Zanotto”

Por outro lado,

“Os pesquisadores ainda não sabem quais podem ser as implicações da presença do vírus da febre amarela em amostras de urina e sêmen, além de com que frequência e por quanto tempo ele persiste nesses materiais biológicos, uma vez que analisaram um único paciente.

“Ainda não temos uma boa amostragem para determinar por quanto tempo o vírus da febre amarela pode ser detectado na urina e no sêmen. Mas nossa estimativa, feita com base no acompanhamento do paciente que avaliamos durante um período de 21 dias após a observação dos sintomas iniciais da doença, é de que o vírus pode ser detectado nesses materiais biológicos pelo menos quase um mês após a infecção.”

Detecção em pacientes assintomáticos poderá levar à melhoria do diagnóstico

“Na avaliação dos pesquisadores, os testes da presença do vírus da febre amarela, principalmente em amostras de urina de pacientes com suspeita de terem sido infectados, podem facilitar e melhorar o diagnóstico da doença […]

Esses testes são realizados geralmente quando pacientes com suspeita de terem sido infectados chegam aos hospitais. Mais de 50% dos infectados pelo vírus da febre amarela, porém, não apresentam sintomas da doença, como febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça e muscular, além de náuseas e vômitos […]

Os testes de diagnóstico de febre amarela em urina e sêmen também podem contribuir para reduzir os resultados falso-negativos e fortalecer a confiabilidade dos dados epidemiológicos durante surtos da doença, como o que ocorre atualmente em São Paulo e Minas Gerais, apontaram os pesquisadores.”

Transmissão urbana pelo Aedes Aegypti será melhor investigada

“Esta semana os pesquisadores também devem iniciar pesquisas de campo, junto com equipes de outras unidades da USP, os grupos do pesquisador Renato de Souza, da Unidade de Arbovirologia do Instituto Lutz, e da pesquisadora Margareth Capurro, do Departamento de Parasitologia do ICB-USP, com o objetivo de verificar se tem ocorrido a transmissão urbana do vírus da febre amarela – por meio do mosquito Aedes aegypti – em São Paulo.

“Apesar da situação que temos vivido, com um grande número de casos de infecção na capital, ainda não temos evidência concreta e inequívoca de que tem ocorrido transmissão urbana da doença”, disse Zanotto. “Essa é uma informação crucial para poder avaliar possíveis estratégias de resposta ao vírus, inclusive estratégias de vacinação. Tentaremos obter essas respostas nas próximas semanas.”

Ver matéria na íntegra: Vírus da febre amarela é detectado em urina e sêmen quase um mês após a infecção (Agência FAPESP)

Artigo: Yellow Fever Virus DNA in Urine and Semen of Convalescent Patient, Brazil (Emerging Infectious Deseases)

Ver também: Cientistas detectam vírus da febre amarela pela primeira vez em urina e sêmen de paciente (Estado)