Área de risco

Segundo geólogo políticas públicas poderiam substituir sistemas de alerta contra deslizamentos

Mais políticas públicas e menos sistemas de alerta

Em artigo publicado no site Viomundo. o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos argumenta que, diferentemente de outros países, no Brasil as áreas de risco, em sua grande maioria, estão associadas a erros humanos:

“Diferentemente de países com vulcanismo ativo, terremotos, furacões, tempestades tropicais cíclicas e outros poderosos agentes da Natureza, no Brasil as áreas de risco estão inequivocamente associadas a erros humanos na ocupação de terrenos geológica, geotécnica ou hidrologicamente mais sensíveis e instáveis[…]

No Brasil a eliminação do problema áreas de risco depende, na esmagadora maioria dos casos, apenas da decisão humana em não mais cometer os erros que estão na origem causal do problema.”

Risco está associado à falta de programas de habitação para a população de baixa renda

“Como também no caso de margens de córregos e várzeas sujeitas à inundação, a criação de áreas de risco está intimamente associada à busca de terrenos mais baratos por parte da população de baixa renda, que somente dessa forma consegue fugir de aluguéis e ter sua própria moradia.”

Medidas de prevenção possíveis

O artigo também propõe 4 medidas estruturais voltadas à eliminação de riscos:

• criterioso planejamento do crescimento urbano, impedindo-se a ocupação de terrenos com condições naturais de muito alto risco e adotando-se planos urbanísticos e técnicas construtivas corretas na ocupação de terrenos de alto e médio riscos;

• implementação de programas de habitação popular que atendam a demanda da população de baixa renda por casa própria, reduzindo assim a pressão pela ocupação de terrenos impróprios à urbanização;

• desocupação de áreas de muito alto risco já instaladas, com realocação dos moradores em novas habitações dignas e seguras;

• consolidação urbanística e geotécnica de áreas de alto, médio e baixo riscos já instaladas.

“Muito perto do absolutamente nada está sendo feito”

O geólogo aponta ainda que

“À exceção do crescimento do número de mapeamentos de risco, com a produção de cartas de suscetibilidade, cartas de risco e cartas geotécnicas, ferramentas imprescindíveis para a gestão do risco urbano, mas apenas ferramentas, pode-se dizer que muito perto do absolutamente nada está sendo feito em matéria de implementação de medidas estruturais de real combate ao risco […]

Seria muito interessante ver como as autoridades públicas responsáveis por esse crime de omissão reagiriam se morassem em área de risco e fossem submetidas à brutalidade de, ao som de alucinante sirene ou torpedo no celular, terem que deixar suas casas de madrugada, sob chuva torrencial, carregando seus idosos, crianças, doentes e parentes com necessidades especiais para fugir da possibilidade de serem tragados pelo barro e pelas pedras de um deslizamento.”

Veja o artigo na íntegra=> Álvaro dos Santos: Os sistemas de alerta em áreas de risco escondem crimes de omissão (Viomundo).