De madrugada, projeto de concessão do Pacaembu é aprovado em primeira votação

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem (29/6) em primeira votação, e nas primeiras horas da madrugada, a concessão do Pacaembu para a iniciativa privada por 37 votos a favor e 10 contra. Para a situação a privatização poupará à prefeitura R$ 9 milhões por ano e permitirá a revitalização e modernização do Complexo.

Embora o Executivo venha garantindo que a finalidade esportiva continuará sendo prioritária após a privatização, bem como o acesso gratuito às atividades esportivas, culturais e educativas hoje disponibilizadas, nada disso aparece no projeto de lei, que conta com somente uma página.

Por esta razão, segundo a oposição o projeto é vago, um “cheque em branco”, que permite ao Executivo deixar ao sabor do mercado os critérios de privatização. Critica ainda a pressa com que o projeto está sendo discutido, ignorando inclusive estudos feitos pela gestão anterior (Haddad) com o mesmo objetivo.

Após passar por audiências públicas, e receber substitutivos e emendas, o projeto deve seguir para a segunda votação a partir de agosto. A íntegra da matéria segue abaixo.

Painel da 1a. votação de aprovação da privatização do Pacaembu
Painel da 1a. votação de aprovação da privatização do Pacaembu

“Os vereadores da Câmara Municipal aprovaram nesta quinta-feira (29/6), em primeira votação, o Projeto de Lei (PL) 364/2017, que autoriza a concessão do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.

Foram 37 votos a favor, dez contra e uma abstenção ao projeto encaminhado pelo Executivo no início do mês. O texto teve amplo debate durante a sessão. Mais cedo, ele avançou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Para a oposição, o projeto é vago. Já de acordo com a Prefeitura e parlamentares governistas, conceder o estádio e o clube municipal à iniciativa privada gera uma economia de R$ 9 milhões aos cofres públicos.

A base de João Doria (PSDB) afirma que o complexo está defasado, sem utilidade e lembra que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também considerava fazer a concessão.

No entanto, a antiga administração pretendia que o estádio tivesse padrão internacional, o mesmo utilizado nas arenas da Copa do Mundo de 2014.

O vereador Celso Jatene (PR), ex-secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação da gestão petista, iniciou os estudos de concessão ainda em 2013, no primeiro ano de Haddad como prefeito.

“Eu busquei transformar em uma arena moderna, com bom investimento e preservei o centro esportivo, uma área muito utilizada pela população.  Agora, a opinião é outra. A gente respeita, mas o chamamento que foi feito é genérico. Eles querem ouvir o mercado e sem pré-requisito”, afirmou Jatene.

Ao falar sobre o chamamento, o parlamentar se refere ao PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) feito pela gestão Doria. No próximo dia 3 de julho termina o prazo para que a iniciativa privada apresente estudos sobre investimentos no estádio e no clube do Pacaembu.

A atual gestão defende que o estádio mantenha os aspectos tradicionais e históricos tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e também pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).

Na semana passada, durante uma Audiência Pública, o secretário municipal de Desestatização, Wilson Poit, afirmou que o futuro administrador terá que respeitar os bairros no entorno do Pacaembu.

Associações de moradores da região defendem que a Prefeitura crie restrições para eventos que possam atrair multidões e, consequentemente, gerar barulho, trânsito e causar impacto nas áreas verdes do bairro.

O líder do governo, Aurélio Nomura (PSDB), disse que o PL vai evoluir depois do dia 3 de julho, antes da segunda votação. “A partir daí teremos um caminho. O que se discute é a necessidade de buscarmos pessoas que possam gerir mais adequadamente o Pacaembu.”  Ainda segundo ele, a “degradação” e a “falta de utilização” do complexo cria “sérios problemas” para a administração municipal.

O líder da oposição,  vereador Antonio Donato (PT), ex-secretário de governo de Haddad e que acompanhou os estudos de concessão da gestão anterior, classificou como “apressada” a votação em primeira discussão.

“[O estudo] Estava bastante avançado. A atual gestão preferiu não usar o acúmulo de dois anos de debate e fazer uma discussão absolutamente apressada sobre outros marcos. É lamentável que não tenha continuidade”, destacou.

Agora o PL pode receber substitutivos e emendas da Casa antes de seguir para a segunda votação a partir de agosto, na volta do recesso”.

Link: Câmara Municipal de São Paulo Projeto de concessão do Pacaembu é aprovado em primeira votação.

A íntegra das discussões que antecederam a votação pode ser vista aqui.

Matéria relacionada: Prefeito encaminha projeto de lei de privatização do Pacaembu.