A afirmativa é da urbanista e professora da USP, Raquel Rolnik, ao se referir ao relançamento do projeto Nova Luz feito recentemente pelo prefeito João Doria em uma entrevista à Radio USP, após uma primeira tentativa mal sucedida feita em 2008 pelo ex-prefeito Gilberto Kassab.
“O plano prevê a demolição de 60% da região do bairro da Santa Ifigênia -” único remanescente da estrutura fundiária do século 18″ – para a construção de torres em parcerias público-privadas, com o objetivo de atrair investimento e desenvolvimento econômicos para a região”. A professora lembra que essa discussão não é nova, e também observa que a degradação em todo aquele local é obra da própria Prefeitura, a partir do momento em que desapropriou e demoliu imóveis na região. “Estava pronto o cenário para a instalação da Cracolândia”.
No post Intervenção na Cracolândia: Luz para quem?, publicado em seu blog dia 25/05, a urbanista revive esta questão, afirmando que na realidade “essa forma [cracolândia] de identificar o bairro da Santa Ifigênia, na região da Luz, tem sido parte da máquina que tenta a todo custo destruir o bairro, que conta com alguns dos patrimônios históricos mais antigos da cidade, e eliminar sua atual dinâmica de ocupação (que envolve, entre outros, o maior polo de comércio de eletrônicos da América Latina) para, em seu lugar, erigir a “Nova Luz”, local de torres brilhantes, centros culturais, cafés e restaurantes gourmet”.
E prossegue: “Mas a grande questão é: para que executar essa limpeza? A resposta o próprio prefeito já deu: para implantar o plano urbanístico Nova Luz. E mais: essa PPP habitacional não oferecerá alternativa de moradia para esses moradores, que, como já ressaltamos, vivem nos cortiços da região”.
Iniciativa não é nova – Ver 14/02/2008: “Para Kassab, cracolândia não existe mais”