Bilhete único pode ser um ótimo negócio para o setor privado

Edital para estudos de receitas acessórias do bilhete único publicado no DO do município/SP
Diário Oficial 29/08/2017 p.1

A Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado lançaram um edital conjunto para “estudos de potencial de receitas acessórias do sistema de bilhetagem do transporte público da capital”. Em outras palavras, município e estado querem saber que receitas adicionais estarão na mira dos agentes privados eventualmente interessados na concessão do bilhete único.

De acordo com o site da Prefeitura,

“O Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo publicam, nesta terça-feira (29), nos respectivos Diários Oficiais, o edital conjunto de chamamento público para receber estudos de potencial de receitas acessórias do sistema de bilhetagem do transporte público da capital. O objetivo é ouvir o mercado a respeito das receitas que poderão ser exploradas com o oferecimento de outros serviços aos usuários, tendo em vista que o concessionário não terá ingerência sobre a tarifa do transporte público coletivo.”

A partir de hoje (29/8), data de publicação do edital, os interessados terão 40 dias para entregar os estudos.

Sistema do bilhete único: o que está sendo oferecido

A Prefeitura publica também os seguintes dados sobre o sistema de bilhetagem:

“14,4 milhões de cartões ativos
13,6 milhões de viagens/dia
O Sistema de Bilhetagem movimenta R$ 7,3 bilhões por ano
O custo bruto anual é de R$ 238 milhões
E a receita é de R$ 78 milhões
O custo líquido para o Município é de R$107 milhões
E para o Estado é de R$ 53 milhões”

A isso se adicione que a Prefeitura está colocando em oferta acesso a uma imensa base de dados dos usuários do bilhetes, o que inclusive está sendo objeto de contestação.

O “oferecimento de outros serviços aos usuários” pode virar um ótimo negócio

Bilhete único - recarga
Bilhete único – recarga

A idéia básica da concessão é de, com a adição de novos serviços ao bilhete, o setor privado poder transformar seus atuais custos em lucro.

Dentre estes serviços se cogita sua transformação em cartão de crédito, débito e vale-refeição. Ou seja, da noite para o dia, o eventual concessionário teria a seu dispor um universo de 14,4 milhões de cartões passíveis de serem transformados em cartões de crédito. A juros da ordem de 400% ao ano, não deixa de ser um ótimo negócio.

Não é à toa que o bilhete único é considerado como uma das “três joias da coroa” do programa de privatizações da Prefeitura.

Link: Governo do Estado e Prefeitura lançam consulta ao mercado para concessão do sistema de bilhetagem do transporte público