Atualizado em 16/03/2022/
Com a chegada da variante Ômicron a diferença do total de casos na capital contabilizados pelo estado e pela prefeitura está gerando inconsistências que comprometem o estabelecimento de políticas públicas de acordo com diversos analistas. O mesmo não se verifica em todos os estados.
Disparidades e inconsistências
O quadro a seguir mostra que a diferença em 31 de janeiro na capital chegou a um número total de casos quase 75% superior segundo a contabilização da prefeitura. Já para o total de óbitos a diferença é mínima, -0,1%.
Diferenças entre as contabilizações pelo estado e pelas prefeituras aparecem também em outros municípios, como a tabela exemplifica para Campinas e São João da Boa Vista.
Em vez de serem corrigidas, estas diferenças aumentam progressivamente, como mostra a versão atualizada da tabela.
Atualização 16/03/2022
As inconsistências não param aí. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, apresentou para o total do estado, em 31/01, os mesmos 4.648.715 publicados pelo SEADE, deixando de lado a diferença de mais de 740 mil casos correspondentes à capital segundo sua própria contabilização.
Estas disparidades e inconsistências vêm sendo objeto de críticas há meses, pois foram identificadas logo no início da pandemia, sem no entanto um efetivo esforço de compatibilização entre estado e prefeituras.
No mês de janeiro atingiu tais proporções que o total de novos casos contabilizados para o mês de janeiro pela prefeitura para a capital chegou a exceder o total contabilizado pelo SEADE para todo o estado por diversas vezes.
A tabela a seguir mostra a diferença contabilizada no dia 26/01.
O portal G1, ao constatar o problema, entrou em contato com técnicos do governo estadual, que afirmaram estar agendando uma reunião de trabalho com o objetivo de “tentar solucionar as discrepâncias entre os dados do estado e dos municípios, especialmente da capital”.
Embora a reunião tenha sido marcada para segunda feira 24, por enquanto as grandes diferenças permanecem, como mostram os dados.
Outros estados
Wallace Casaca, coordenador da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, de pesquisadores da USP e da Unesp, em declaração à Folha, após afirmar que “todas as medidas [estaduais] foram tomadas em cima de dados defasados”, citou que a diferença entre o levantamento do estado da Bahia e da capital Salvador, por exemplo, estava na casa dos 0,5%. Apontou diferenças da mesma ordem de grandeza para Vitória, João Pessoa, Aracaju, Belo Horizonte, Recife, Cuiabá, Rio de Janeiro, Belém e Fortaleza. Segundo ele, de todas as 20 capitais com dados atuais disponíveis, só Curitiba (32%) e Natal (60%) apresentaram o mesmo problema.
Na mesma reportagem, Wesley Cota, pesquisador da UFV (Universidade Federal de Viçosa), disse que observou diferença de mais de 1 milhão de casos notificados pelos municípios paulistas e não computados pelo estado.
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