Com ozônio pesquisadores da USP contribuem para a melhor qualidade de plásticos biodegradáveis.
Parceria entre a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e a Escola Politécnica, ambas da USP, resultou na obtenção de um novo plástico biodegradável, mais transparente e resistente. A informação é do Jornal da USP:
Um novo tipo de plástico biodegradável, que tem como matéria-prima o amido de mandioca, foi produzido em parceria por duas unidades da USP: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, e Escola Politécnica (Poli). Os pesquisadores desenvolveram uma técnica que utiliza o gás ozônio para processar o amido e melhorar as propriedades do plástico. O resultado é um produto mais transparente e resistente, que poderá ser usado em diversos tipos de embalagens. O método já teve a patente requerida, visando a transferência de tecnologia para a indústria.
Ozonização e parceria Poli-Esalq
Uma das líderes da pesquisa, a boliviana Carla Ivonne La Fuente Arias, engenheira química e de alimentos, bolsista da FAPESP, que desenvolve seu pós-doutorado na Esalq, destaca a inovação perseguida com o uso do ozônio e a importância da aliança Poli/Esalq:
“Trata-se de uma tecnologia verde, amigável com o ambiente. Esse é o foco, modificá-lo com o ozônio de maneira a melhorar suas propriedades na forma nativa. Produzimos assim esse plástico biodegradável e, mesmo ainda na etapa inicial, já obtivemos um produto de boa qualidade. A próxima etapa, a ser executada na Poli, é a produção em escala semi-industrial”, explica. Assim, para a concretização do projeto, são realizadas na Esalq as etapas de ozonização, secagem e caracterização das amostras de amido. Na sequência, Carla leva o material até a Poli para preparar e caracterizar o plástico biodegradável.
[…] Os resultados obtidos a partir desse estudo foram apresentados no artigo científico Ozonation of cassava starch to produce biodegradable films, publicado na revista International Journal of Biological Macromolecules. O trabalho teve ainda a participação das pesquisadoras Andressa de Souza, Bianca Maniglia e Nanci Castanha, sendo financiado pela Fapesp e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com bolsas da Fapesp, CNPq e Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
=> Engenheiros da USP criam plástico biodegradável feito de mandioca, transparente e resistente (Jornal da USP 22/10/19)
Controvérsia: reciclagem ou embalagens biodegradáveis?
Ser biodegradável, no caso dos plásticos, não significa necessariamente ser amigável em termos ambientais. A embalagem se degradar é importante na medida que a crescente poluição provocada por plástico rejeitado, e seus efeitos indesejáveis como o sufocamento de aves e peixes, e ainda a contaminação da cadeia alimentar, é reduzida, uma vez que o plástico biodegradável permanece por menos tempo na natureza. No entanto, a transformação do plástico em gases de efeito estufa (principalmente metano e dióxido de carbono), juntamente com outras substâncias no processo de biodecomposição, leva a outro tipo de impacto ambiental, que é o aquecimento global.
Este fato gera todo um debate a favor da reciclagem em vez de biodegradação, política compatível com o plástico comum, que por ser mais durável, é reutilizável. Segue como a questão foi levantada por um pesquisador da COPPE/UFRJ, divulgada no site eCycle:
Em artigo sobre polímeros publicado na Scielo Brasil, José Carlos Pinto, professor integrante do quadro do programa de engenharia química da COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, questiona, com relação aos plásticos, a crença de que o ecologicamente correto é ser biodegradável. Ele aponta para a urgência da percepção de que se o material plástico se degradasse do modo como ocorre com alimentos e dejetos orgânicos, o resultante da degradação (por exemplo, metano e gás carbônico) iria parar na atmosfera e em mananciais aquíferos, contribuindo para o aquecimento global e para a degradação da qualidade da água e dos solos. Ele acredita na reversão da poluição gerada pelo material por meio da educação ambiental e de corretas políticas de coleta de resíduos e rejeitos. Descreve também que o fato dos plásticos não se degradarem facilmente se caracteriza em um diferencial que lhes dá a possibilidade de reutilização por muitas vezes, sua reciclabilidade, fator determinante ao enorme potencial de contribuição para a redução no consumo de matérias-primas, energia e racionalização do uso dos recursos naturais disponíveis, que se aproxima do conceito de Economia Circular .
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