Cidades inteligentes

O que falta para São Paulo virar uma cidade inteligente?

Participação popular é essencial para São Paulo virar uma cidade inteligente

A União Européia, ao definir cidades inteligentes, destaca o papel da conexão entre todos os atores que vivem os problemas urbanos, ao afirmar que elas “são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida”. Foi exatamente esta abordagem que foi enfatizada pelos professores Fabio Kon e Gisele Craveiro, da USP, na edição mais recente da série Momento Cidade da Rádio USP, que teve por tema a pergunta “O que falta para São Paulo virar uma cidade inteligente?”.

Fabio Kon é professor de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME/USP) e coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para cidades inteligentes. Para ele, uma cidade verdadeiramente inteligente é um lugar que soluciona seus problemas com fatos. O caminho para se chegar a isso é a universidade, com seus especialistas, entrar em parceria com as prefeituras e utilizar os bancos de dados que elas controlam para propor politicas públicas que maximizem a qualidade de vida dos munícipes. Como, exemplifica, está sendo feito em Nova York.

Gisele Craveiro, alem de dar aula na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH/USP), coordena o Colaboratório de Desenvolvimento e Participação. Para ela, a vida urbana envolve um  “amontoado de problemas complexos”, impossíveis de serem diagnosticados por um único ator com um único olhar. Defende governos participativos que saibam fazer as perguntas e buscar respostas nos consensos e nos dados.

Além da questão tecnológica, os dois professores acreditam que os habitantes da cidade devem ser envolvidos no processo de planejamento, contribuindo coletivamente para a elaboração de políticas públicas, como coloca a reportagem do Jornal da USP:

Para os professores Fabio Kon e Gisele Craveiro, estabelecer parcerias entre o governo local, universidades e empresas é a chave para a implementação de boas políticas públicas, que podem transformar uma cidade como São Paulo em uma grande metrópole inteligente

Para ambos os docentes, uma São Paulo que pensa suas políticas públicas com base em dados e na participação da população é uma cidade com  menos carros, mais bicicletas e um transporte público mais racional, por exemplo.

Ouça a gravação

=> Momento Cidade #06: O que falta para São Paulo virar uma cidade inteligente? (Jornal da USP 26/07/19)

Outras edições do Momento Cidade

=> Momento Cidade #01: E se o ônibus fosse o transporte preferido dos paulistanos?
Para especialistas, a diminuição de tarifas, maior integração entre diferentes tipos de transporte público e desburocratizar a gestão do setor ampliaria o uso do ônibus e melhoraria o trânsito em São Paulo

=> Momento Cidade #02: Plantar mais árvores melhoraria a vida em São Paulo?
Para especialistas da USP, é preciso que os governantes formulem políticas públicas focadas em arborização, ao mesmo tempo em que invistam na redução de poluição para garantir a melhora na saúde pública e ambiental de São Paulo

=> Momento Cidade #03: Como nós, cidadãos comuns, podemos influenciar as decisões dos prefeitos?
Para especialistas da USP, o governo precisa descentralizar o poder, desengessar o orçamento das Subprefeituras e divulgar mais os conselhos participativos. Para a população, cabe a tarefa de se informar sobre a cidade e se juntar em associações e grupos de interesse

=> Momento Cidade #04: Quando nós vamos poder nadar nos rios de São Paulo?
Para especialistas da USP, é preciso mudar a forma como se intercepta a sujeira do esgoto e das chuvas que vai para os rios e envolver a população, conscientizando cidadãos sobre a importância dos rios e do descarte adequado do lixo

=> Momento Cidade #05: Como é possível produzir alimentos na cidade?
Para especialistas, investir em agricultura urbana melhoraria a alimentação e reduziria a poluição, já que com alimentos sendo produzidos mais próximos dos consumidores a logística de transporte e do consumo de combustíveis mudaria drasticamente

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